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O novo ciclo de concessões rodoviárias – BR 040

O Governo Federal este ano resolveu lançar um enorme pacote com novas possibilidades de concessão para estradas – as rodovias que deverão passar à gestão da iniciativa privada desta vez compreendem, principalmente, o Centro-Oeste do país e o estado de Minas Gerais, mas também passarão por Rio de Janeiro, Espírito Santo, Bahia e Tocantins. A história recente da malha rodoviária no Brasil sofreu enormes mudanças, para melhor, nas regiões Sul e Sudeste do país – agora é a hora de expandir.

Com a efetivação dos leilões de concessão, mais de 7,5 mil quilômetros de estradas passarão à iniciativa privada e a expectativa é que uma extensão de 5,7 mil quilômetros de rodovias hoje de pista única sejam duplicadas. Os investimentos poderão chegar a R$ 42 bilhões. Nesta série, vamos mostrar um pouco mais sobre as rodovias que entraram nessa rodada de concessões, sua importância, história e contexto.

Da antiga até a nova capital

A rodovia BR-040 é uma rodovia que, ao longo dos trechos a serem licitados, vai do Rio de Janeiro a Brasília, passando também pela região metropolitana de Belo Horizonte. As melhorias nessa estrada podem facilitar a vida de muitas empresas do segmento metalúrgico, desde siderúrgicas e guseiras até fabricantes de automóveis e autopeças situados na Grande BH, mas também criam um caminho rápido e seguro entre a antiga capital do país, o Rio de Janeiro, e a atual, Brasília.

O primeiro trecho a ser licitado, entre Brasília e Betim, possui um total de 937 quilômetros, porém o trecho mais conhecido e que deu origem à rodovia em si é a estrada entre o Rio de Janeiro e Petrópolis, chamada de Rodovia Washington Luís, por ter sido construída no mandato desse presidente (entre 1926 e 1930). Ligando a cidade imperial e a capital brasileira naquela altura, a estrada foi inaugurada em 1928 e no dia seguinte, segundo relatos, já operou movimentada, com o tráfego de quase dois mil veículos.

Outro trecho extremamente curioso da BR-040 é a estrada entre Petrópolis e Juiz de Fora, já em Minas Gerais. Esse segmento substituiu uma das estradas mais antigas do país – a Estrada União e Indústria, inaugurada em 1861 pelo próprio Dom Pedro II, como a primeira estrada “macadamizada” da América Latina. Para quem ainda reclama dos pedágios e da iniciativa privada, vale saber que esse segmento de estrada foi projetado e construído por Mariano Procópio Ferreira Lage, engenheiro e político brasileiro, que de fato construiu a primeira rodovia pavimentada do Brasil.

Construção da primeira estrada macadamizada nos Estados Unidos da América (1823). No fundo, trabalhadores partem a pedra "de modo a não exceder 6 onças de peso ou passar num anel de duas polegadas".1 (Pintura de Carl Rakeman)
Construção da primeira estrada macadamizada nos Estados Unidos da América (1823). No fundo, trabalhadores partem a pedra “de modo a não exceder 6 onças de peso ou passar num anel de duas polegadas”.1 (Pintura de Carl Rakeman)

A Estrada União e Indústria era uma concessão de 50 anos vencida por Mariano, que produzia receita a partir da cobrança de pedágio por mercadoria transportada pelos usuários ao longo dos 144 quilômetros da via. A estrada União e Indústria foi primeiramente absorvida pela BR-3, entre o Rio de Janeiro a Belo Horizonte, a partir de 1964 integrou a BR-135 pelo Plano Nacional de Viação, e finalmente,a partir de 1973, se tornou parte da  BR-040.

Uma mãozinha dos bandeirantes

Muito se conhece acerca das explorações bandeirantes no Brasil, mas poucos sabem de sua importância na abertura de vias e caminhos que mais tarde se tornariam rotas de rodovias – não é à toa que muitas das estradas brasileiras levam seus nomes até hoje. O trecho da BR-040 entre Juiz de Fora e Belo Horizonte, inteiramente no estado de Minas Gerais, tem uma história que remonta o ano de 1699, quando uma trilha precária que ligava as duas cidades e também descia até os portos fluminenses. O percurso entre as “minas gerais” e os portos em Paraty e Rio de Janeiro levava, em média, três meses, com direito ao ataque de piratas e saqueadores.

A rota entre Belo Horizonte e Juiz de Fora segue quase que perfeitamente o mesmo trecho na época do “Caminho Novo”, aberto pelo bandeirante e concluído com rota em 1707 (aliás, também havia cobrança de pedágios).

"Caminho Novo" - ligando Minas Gerais aos portos fluminenses. (Fonte: Wikipedia)
“Caminho Novo” – ligando Minas Gerais aos portos fluminenses. (Fonte: Wikipedia)

 

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